sábado, 1 de agosto de 2015

A Lua...






        A Carta da Lua, nosso 8 de copas, costumava estar relacionada aos méritos e honrarias de uma pessoa - e se voltarmos algumas décadas ou um século ou dois, vamos perceber que no período em que essas cartas se popularizaram, as pessoas se ocupavam de forma diferente do que fazemos hoje. Você tinha status e era considerado honrado pelo que fazia, e muitas vezes acumular funções era um mérito que podia lhe colocar em evidência. Uma pessoa contratada para dar aulas de ciências, aritmética e gramatica para uma adolescente, poderia também ser a responsável por ajudar a encontrar um marido pra ela, e ainda acumular funções de interprete, tradutor, e ser a parteira da cidade. E isso era visto como honra e mérito, muitas vezes colocando aquela pessoa em uma posição social de respeito e glória. 
        E era assim que viam, também, o sucesso de alguém. E isso é completamente diferente da busca por ganhos financeiros e estabilidade que temos hoje, na maioria das vezes, como norte na hora de decidir uma carreira para seguir, e de o quê a maioria de nós entende quando dizemos que alguém é uma pessoa de "sucesso".

        A carta A Lua, quando está bem perto de uma pessoa, reflete nela seu brilho, conferindo-lhe honras e méritos no seu dia a dia - e é assim que as cartas a consideram bem sucedido no seu dia a dia. É por aí que encontramos a associação entre a carta a Lua e o seu emprego, ou o seu trabalho de todo dia. As tarefas rotineiras que lhe conferem honra e dignidade, nas leituras curtas, serão representadas por A Lua.

        Portanto o seu emprego - aquela tarefa rotineira a partir da qual você obtém renda para pagar suas contas, vestir-se e a seus filhos, e manter-se no "sistema", ou seja, ser uma pessoa "honrada", virá nas leituras maiores (Mesa Real) como A Luz.   Seja que para associar este emprego comum ao conceito de abundância ou prosperidade financeira, ou ainda comércio, empreendedorismo, formação e ascensão profissional, precisaremos de outras cartas formando uma constelação com a Lua.

        O Andy Boroveshengra, um cartomante inglês que tem escrito em um estilo bem acadêmico sobre o Lenormand nos últimos anos, e muito vem contribuindo em pesquisa e informação com o universo Petit Lenormand Tradicional, nos diz que ainda que A Lua traga significados muito diferentes pra quem costuma usar o Tarô, ela se assemelha em signifição à astrologia tradicional: honestidade, trabalho, respeito e etc.
       
        Algo interessante sobre a lua é que ela, ao estar próxima do consulente e descrever uma pessoa, pode estar se referindo a alguém que será para o consulente uma inspiração, referência ou mesmo um "mind master": como vem sendo tão comum buscarmos alguém que nos ajude a trilhar o caminho do sucesso.
        Ainda que A Lua, por si, nao trate do empreendedorismo e do sucesso financeiro de alguém, é a carta que nos inspira a trabalhar todos os dias.


       Até aqui já sabemos que a lua reflete seu brilho sobre o consulente quando está próxima dele, o que você poderia entender como a lua cheia. E quanto mais escura ela fica, ou seja, quanto mais distante do consulente está, menor seu brilho, e menor sua atuação feliz na vida desse consulente.  

        A Lua - não é de hoje - inspira a poesia e os poetas, e, portanto, as emoções mais profundas de alguém. Por isso vem, no Lenormand - herança dos livros de emblemas renascentistas - tratar da psique, das emoções mais profundas (naturalmente enraizadas em pensamentos) e também em toda inspiração que alguém pode ter. Perto do consulente ela traz à tona tudo que há de melhor, e longe dele a Lua tira-lhe o ânimo e pode deixar-lhe tão ensimesmado a ponto de que perca completamente o ânimo e brilho. Se, neste caso, também o sol e as estrelas estiverem longe do consulente, observe a possibilidade de lidar com grandes dramas e emoções muito profundas (e possivelmente ocultas daqueles com quem convive).

         A inspiração da Lua também a associa com a criatividade: aquela mesma que você precisa ter para lidar com os pequenos desafios do seu dia a dia, quando um cabide se transforma em móbile pra alegrar aquele sobrinho, ou você faz do rolo de fita adesiva um porta incenso!

        Algumas combinações podem ser especialmente úteis (claro, bem contextualizadas):

As Fases da Lua (Lua + Árvore ou Lua + Anel): 

Lua minguante: Lua  + Ratos
Lua nova = Lua + Raposa
Lua crescente = Lua + Criança
Lua cheia = Lua + Urso ou Lua + Montanha 





quinta-feira, 2 de abril de 2015

Um bom curso de cartomancia

           

             Iniciei meus estudos de cartomancia há 27 anos, quando ainda era uma menininha de 13 anos. De lá pra cá, a vida me trouxe todo tipo de lição - inclusive aquela que considerei a mais complexa de todas, em relação a esta atividade: assumir a cartomancia como meu ofício principal, como a fonte de sustento da minha família, e deixar pra trás anos e anos de uma outra profissão, que também era um caso de amor! (é, sou movida a amor!).

          Enfrentar todos os obstáculos gerados por minhas próprias crenças limitantes e meu próprio preconceito em relação a atividade, e atender ao chamado, não foi fácil. Decidir viver a "Karla Cartomante" 7 dias por semana, todas as semanas de todos os meses, e fazer do ofício minha nova e bem sucedida carreira, foi, sim, um desafio. A paixão se sobrepôs e eu me considero muito bem sucedida, sim. Capaz de olhar nos olhos das amigas executivas, de igual para igual, e compreender que minha atividade é tão honrosa quanto a delas.

        O passo seguinte, diante das experiências que tive, foi começar uma trajetória em que compartilho os conhecimentos que obtive nesta jornada. Ainda que não fosse, até o ano de 2011, uma cartomante "full time", havia uma periodicidade de atendimentos, e sim, gradativamente, durante os últimos 24 anos, o ofício se desenvolveu, inclusive de forma remunerada - ainda que como atividade paralela.  E foi essa experiência, aliada a todos os livros, entrevistas, consultas, conversas e trocas, que serviu de base para, durante dois anos, trabalhar no desenvolvimento de um conteúdo básico - o qual,nos últimos 21 meses, venho compartilhando com alunos presenciais e remotos. 

        Durante este período, percebi nova motivação, ainda mais profunda que qualquer das emoções que eu nutri em relação à  cartomancia.Venho trabalhando há algum tempo motivada pela ideia, principalmente, de valorizar o ofício da cartomancia, valorizar aqueles que, de forma digna e honesta, exercem o ofício com honra e fazem deste sua fonte de renda

        Por outro lado, vejo, de forma cada vez mais frequente, oportunistas visivelmente desprovidos de qualquer senso de integridade anunciando "cursos", "workshops" e outros trabalhos envolvendo o ofício. Pessoalmente, acredito que é preciso dominar um tema antes de propor-se a ensiná-lo. Em se tratando de um tema que envolve tanta MISTIFICAÇÃO, PRECONCEITO e má interpretação, confiar seu TEMPO para ouvir alguém cuja experiência é de poucos meses - ou poucas horas de prática/estudos, é a maior bobagem que se pode fazer. Em especial para aqueles que desejam aprender o ofício para exercê-lo com a intenção de gerar renda. 

        Em qualquer atividade que gere renda, cursos de qualificação têm sim um "preço" (ainda que nem sempre financeiro), e é preciso estar pronto para assumir o compromisso envolvido na troca de conhecimento que o levará à uma futura fonte de renda. Quanto vale o seu futuro? Quanto vale a sua carreira? Quanto vai lhe custar cada ERRO cometido por conta da má orientação recebida de um oportunista? Abra o olho. 

        E como identificar um bom professor / mentor em qualquer área de atuação? Falando de cartomancia, acredite: se o sujeito, há poucos meses estava nos grupos de facebook, publicamente pedindo "pitacos", "ajuda" e tirando "dúvidas", ele não se qualificou, milagrosamente e da noite para o dia, para ensinar a Arte pra alguém. 

        Há uma teoria bem difundida de que para se tornar "especialista" em algum tema, são necessárias 10 mil horas de prática. É, isso mesmo. Equivale a, por exemplo, quase 7 anos, praticando 6 horas por dia, de segunda a sexta. Ou 7 horas por semana durante um pouco mais de 20 anos.. Ou 3 anos com 12 horas de prática diária apaixonada...  

        Ok, você me diz, na cartomancia não será necessário ser um "especialista" para transmitir o básico pra alguém. Talvez não. Mas ensinar cartomancia, nos dias de hoje, vai muito além de simplesmente ensinar que o cavaleiro entrega uma mensagem ou o jardim fala de eventos sociais. Ensinar cartomancia requer um pouco mais de tato, um pouco mais de vivência... 

           E quando um aluno chega com uma situação em que um padrão ético se coloca em questão, ou seja lá quais forem as infinitas possibilidades de situações complicadas e difíceis por que passamos... Como dar a ele o necessário suporte se o professor jamais vivenciou algo sequer parecido, diante de sua pouca prática?  Como ensinar ao aluno a trabalhar responsavelmente com pessoas? 

          Sem falar de questões técnicas propriamente ditas. É preciso um domínio mínimo da ferramenta que se utiliza (o "baralho Cigano" ou Petit Lenormand, por exemplo, ou qualquer outro sistema), e de seus métodos de composição e interpretação, bem como um mínimo de vivência prática para que se possa auxiliar um aprendiz em seus primeiros passos.

        Muito se discute a respeito do conceito leigo de "dom", talento inato, ou ainda auxílio da espiritualidade ao praticante de cartomancia. Mas este é, ao meu ver, tema para ainda outra conversa.

           Se você busca qualificação, procure, antes de tomar uma decisão, conhecer melhor o professor a quem vai seguir, especialmente no seu primeiro momento. Há muitos e muitos BONS, ou melhor, EXCELENTES professores no Brasil. Com diferentes abordagens, diferentes métodos de leitura e didática, diferentes caminhos. Cada um deles terá algo a ensinar, capaz de transformar sua vida. E transformação é o que geralmente procuramos, de fato, quando buscamos qualificação. Em um primeiro momento você vai escolher apenas um, sim. Depois, ao estar firme em suas bases, poderá explorar quantos mais houverem. 

        Escolha bem. Trata-se de você, de sua experiência, ou seja, da sua experimentação daquele tema, do seu próprio envolvimento e comprometimento com o "evoluir". Trate-se com a devida atenção e carinho, e não se permita cair nas "garras" de quem vê este "mercado" como um mar de oportunidades financeiras, ou deleite do próprio ego - ou ambas. Afinal, você vai dividir seu caminho com seu primeiro professor - e com todos os outros que escolher depois...

        Pesquise. Pergunte. Questione. Experimente. E só depois, ao sentir seu coração bater mais forte, e saber que se trata de boa escolha. Vá em frente e mergulhe... Mas mergulhe de cabeça, porque vale a pena!

          Sempre digo que a cartomancia transforma vidas: transforma a vida do cartomante, expectador de tantas histórias, de tantas emoções, decisões, celebrações, perdas, desafios.... E transforma a vida do consultante, que, diante de uma Mesa de cartas, pode tomar decisões capazes de atrair a mais plena felicidade (ou causar um tremendo estrago).




(foto de Thaísa Lixa)