terça-feira, 7 de outubro de 2014

O Baralho da Dona Maria Mulambo

Faz muito tempo que não vou a uma Gira. Naqueles anos em que me dediquei à Religião e participei daquelas rodas, o ponto da Dona Maria Mulambo fazia meu coração disparar, parecia que ia saltar pela boca... e em seguida meu corpo todo se acalmava, eu me sentia aquecida e amparada e os movimentos fluíam...  Nunca vi uma Maria Mulambo incorporada em alguém. Mas a minha simpatia por ela existe desde que ouvi esse nome pela primeira vez. E o ponto que fazia meu coração acelerar ainda "toca" na minha cabeça de vez em quando, e lembrar dessa Senhora sempre me traz uma sensação de acolhimento, de tranquilidade...

Eu ainda estava me recuperando do ar que faltou, da pneumonia... e talvez naquele momento eu tenha achado que foi só a febre... eu ouvi "te dei o amor, te dei o carinho, te dei uma rosa, tirei os espinhos"... e a palpitação. Parecia um tambor no meu peito! Então meu marido entrou na sala dizendo que o correio tinha acabado de entregar aquele pacote: quando abri, as lindas cartas da Dona Maria Mulambo, que a querida Sonia Boechat Salema me enviou!
Ela (a Sonia) provavelmente não fazia a menor ideia que junto àquelas cartas, a energia da Dona Mulambo, vinha pra mim um sinal, que eu pedia há dias... (mas isso é outra história!).


Tenho manuseado as cartas por todos esses dias, enquanto me recuperava, e agora que estou de novo "zero bala" (como diziam na minha terra!), e posso fazer leituras, tenho me surpreendido com o quanto e como responde o Baralho da Dona Maria Mulambo! É preciso, acurado, certeiro, como eu imagino que a própria entidade o é - e o mais interessante, sinto o mesmo acolhimento, nas cartas, quando falam de algo pouco agradável - é como se dissessem do fel, com um amparo pra que o consulente não caia, e possa compreender o que acontece.

Essas cartas, sem dúvida, já fazem parte do meu dia a dia - e algo que me deixa super feliz é que elas são de boa qualidade! São perfeitas no tamanho, no tipo de papel (com uma laminação suave) e nas cores intensas que me ajudam a identificar as imagens com facilidade.

Se você desejar trabalhar também com estas cartas (super recomendo), pode encontrá-las no blog com o mesmo nome do baralho, clicando aqui.

Gratidão à Sonia, que soube, certamente, traduzir em cartas as mensagens de Dona Maria Mulambo, pra que as cartas nos falem essas mensagens, e a Moça esteja mais perto de cada um de nós, cumprindo sua Missão de amor, e nos auxiliando em nossa Missão de crescer.

Salve Dona Maria Mulambo!

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Os primeiros 10 minutos

        Uma tia, cabeleireira, costuma dizer que a escolha de cabeleireiro e médico é algo muito pessoal, que você precisa entrar e "se apaixonar" logo de cara, do contrário não haverá proveito: a consulta não será boa, o cabelo vai ficar esquisito. E outro dia estava pensando nisso e concordando com ela, então acrescentei o cartomante ao ditado da minha tia. Porque se o consulente não se apaixonar pelo cartomante assim que começarem a conversar, não vai rolar. Tem que acontecer uma troca, algo que permita que o consulente sinta-se tão a vontade, que todos os seus segredos possam vir a tona. O consulente precisa confiar no cartomante: ou nada que ele disser lhe parecerá compreensível ou até mesmo, capaz de ser ou se tornar realidade. E se isso não acontecer nos primeiros minutos... acredite: não vai mais acontecer.

        Ao contrário do que pensava minha tia, eu não acredito que essa identificação entre cliente e profissional seja regida pelo acaso ou por algo "além do que se possa compreender". Acredito que alguns fatores são determinantes pra que essa primeira impressão seja positiva - aliás, há estudos que mostram que a primeira impressão, sobre qualquer pessoa, é mesmo determinante, e não se modifica, seja lá o que for que aconteça depois. E o quê, afinal, pode ser essencial nos primeiros momentos de uma consulta com um cartomante? Há algum tipo de padrão que possa ser seguido que aumente a possibilidade de uma primeira impressão super positiva, e que possibilite ao consulente em potencial se tornar um "cliente fiel", logo nos primeiros minutos? E quando não há um contato "olho no olho" as premissas se modificam?

        Bem, é claro que há fatores determinantes que estão relacionados com a postura e a conduta pessoal do cartomante, como o tipo de expressões e vocabulário que utiliza, a maneira como se comporta diante do consulente - presente ou remoto. Ter a consciência de que o cartomante é apenas "a mão que segura a lanterna que aponta o caminho" e não aquele que dita o caminho, é um excelente ponto de partida. E a partir deste, você já consegue imaginar que, se não iluminar a direção certa, logo nos primeiros minutos tudo o mais já se perde. 

        Ou seja, se, logo nos primeiros minutos, o cliente já escuta algumas palavras que validam sua intenção diante da consulta, fazendo com que se sinta confiante, acolhido e respeitado, as chances de que tudo corra muito bem são muito maiores. E há, com o Petit Lenormand, certas "técnicas" (ou dicas, "pulinhos de gato") que ajudam muito.

        O Lenormand é um sistema tão genial (como costumo repetir todo o tempo!) que pode mostrar, em segundos, mensagens claras sobre como o consulente se sente, o que deseja, sobre o quê pensa e pra onde pensa ir logo em seguida, e não é preciso ser nenhum "expert" pra ler as entrelinhas das cartas e já detectar algumas mensagens que podem ser um divisor de águas durante os primeiros momentos de uma consulta. Se 10 minutos iniciais forem bem aproveitados diante das cartas do Lenormand, sem dúvida o bom "leitor de cartas" poderá detalhar mensagens, acontecimentos, pessoas, emoções e muito mais, durante horas - com precisão e certeza.

         Essas técnicas, nem sempre divulgadas ou ensinadas (juntas, como um compilado de "primeiros minutos"), o que acho mais curioso é que são dicas que podem ser super úteis e esclarecedoras tanto pra quem já convive há tempos com as cartas, quanto pra quem está iniciando sua Jornada Lenormand (e já viu o básico): se está aprendendo, certamente terá um vislumbre do que vem adiante, e direcionará seus estudos de forma ainda mais produtiva.

         Nos mais de 25 anos em que trabalho com as cartas, eu mudei de cidade muitas vezes (não foi só por conta da cartomancia ou dos meus vestidões que volta e meia alguém me chamava de "cigana"!!). Ao mudar, deixava bons amigos, familiares, e pessoas que haviam chegado até mim por causa das cartas. E como você sabe, até pouco tempo, não haviam esses planos telefônicos em que você conversa com alguém em outro estado ou país por horas e paga centavos - era caro, bem caro, um interurbano, e ninguém estava "afim" de pagar muito pra não ter respostas. Muitas vezes os telefonemas que recebia a noite, pra ler as cartas, depois do meu "trabalho formal", eram determinantes pra complementar minha renda, então eu precisava fazer algo bem feito - outras vezes a motivação era outra, como o carinho imenso por uma amiga do coração, ou o desejo de ajudar aquela prima atrapalhada, ou a responsabilidade de corresponder ao que disse quem indicou aquele desconhecido pra mim... seja como for, até hoje, mais de 80% das pessoas que atendo, estão bem longe de mim. Sem poder olhar sua expressão, ler a linguagem do olhar, são as cartas que me mostram tudo sobre aquelas pessoas. E o quanto mudou em suas vidas nos últimos 3 meses ou nas últimas 24 horas, desde a última consulta. E o que ela espera de mim hoje, que nem sempre é a mesma coisa que ontem ou na semana passada. E como está o filho doente, o namorado ausente ou aquele rapaz que nem sabe que ela existe, mas ela continua acreditando que é um amor predestinado... Ou quem sabe hoje ela me procurou pra saber se deve ou não fazer um ritual religioso de uma religião que não conheço - mas as cartas apontam que sim ou não. E por aí vou confiando nas cartas, e elas me mostram. E como me mostram o que devo dizer, meus clientes continuam voltando e confiando. Alguns há mais de 20 anos. O que seria desta cartomante, sem os primeiros 10 minutos daquelas consultas? 

          Pensando em tudo isso, reuni dicas, macetes, técnicas e métodos em um Workshop com mais de 3 horas de duração, onde vamos conversar principalmente sobre os primeiros 10 minutos da consulta ao Lenormand sem contato presencial (embora sirvam também para o presencial), e sobre como desenvolver conteúdo preciso e claro por mais 20, 30, ou 300 minutos. Como pretendo que a troca seja rica, e que possamos nos aprofundar em determinados tópicos, as vagas são mesmo limitadas para o encontro ao vivo. O encontro será gravado, e, em alguns dias, disponibilizado na área de alunos do Falando Lenormandês, e você poderá acessar as gravações por mais 30 dias, para ver e rever quantas vezes quiser. 

Você pode fazer sua inscrição clique aqui, ou entre em www.falandolenormandes.com.br 

Espero por você! 
Que seu caminho tenha sempre muita Luz!



sábado, 30 de agosto de 2014

A Cruz e seus mistérios

          Assim como o Calendário Gregoriano que utilizamos divide o tempo entre Antes do Cristo e Depois do Cristo, a carta 36, A Cruz, deixa pra trás o que está a sua esquerda e amplia o que vem à sua direita. O que está a esquerda não é cortado ou encerrado como acontece com a Foice (10) ou Caixão (08), mas diminuído, deixado em segundo plano - sua importância é reduzida em função do que vem depois. Se à esquerda da Cruz está, por exemplo, a viagem do Navio (03), e à sua direita o Sol (31), a viagem é encurtada, deixada de lado ou esquecida, e o Sol (31), intensificado, brilhará mais forte - ainda que, neste caso, queimando a pele de alguém: aquilo que descreve a Cruz, descreve algum sofrimento, alguma dor.

         Se é uma pessoa que a Cruz traz do passado, de volta para a vida do Consulente, certamente não é alguém fácil de lidar - há aí algum desafio. E algumas vezes as Cruz identifica uma pessoa religiosa, pode ser um padre, uma sacerdotisa, ou apenas alguém que está profundamente envolvido com uma religião, não importa qual. Geralmente é uma questão de fé e não de religião, embora algumas vezes se refira ao fanatismo, em especial. Olhe as cartas em volta, como sempre.

         Por falar em desafio, Paus é o naipe dos desafios, no Lenormand. Costumo dizer que as cartas não apontam um problema sem também mostrar uma solução, ou uma causa sem que mostrem o efeito, e da mesma maneira, quando mostram os desafios, na maioria das vezes trazem também as possíveis compensações, uma vez cumpridos.




           A Cruz sempre traz algum teste ou provação, uma dificuldade a ser enfrentada - desde a difícil prova de seleção para um emprego ou curso concorrido, em que o consulente vai precisar "suar a camisa" se quiser êxito, até os desafiadores encontros com quem (ou o quê) o consulente imaginava ter deixado confinado ao passado, e lhe provoque as mais confusas emoções: aquelas de perder o sono.

          E se será uma, algumas ou muitas noites de sono perdido, responde a distância entre a Cruz e o Consulente: perto dele, há de passar logo; quanto mais longe, mais demora até que se desfaça a dor.

         Abrindo a Mesa Real, ela anuncia um período difícil, e como a última carta, em sua própria casa, encerra um ciclo. Abrindo uma linha de cartas (dentro ou fora da Mesa Real) ela pede atenção: olhe em volta e descubra onde estão os desafios. Logo acima do consulente, anuncia grande estresse, preocupações, um fardo - as cartas em voltam explicam sobre o que se refere. Abaixo do consulente mostra que, apesar de preocupado e desafiado, o consulente lida bem com as dificuldades que ela traz.


Aqui no Brasil esta carta é vista como a carta das vitórias e superações, e pra mim isso faz muito sentido, a partir do significado tradicional de dor e pesar, embora eu raramente perceba a carta como uma vitória. Se há noites de sono perdidas e aflição, em algum momento o ideal é que sejam superados, e que se possa lembrar daquele período como um divisor entre mais e menos evoluído ou consciente... mas este é um outro assunto, e fica pra outra vez!

A Cruz do Esmeralda Lenormand - que curiosamente saiu com um erro de impressão,
e, onde devia estar "agora, e não é bom", saiu "agora, bom", acompanhando o estilo Brasileiro!





The Cross

           Like the Gregorian calendar divides Christian era between AD and BC, the card 36 - The Cross - divides what is at its left and right sides, diminishing the left and increasing the card at its right side.  What is at the left isn't cut or finished like it occurs with (10) Scythe or (08) Coffin, but decreased, leaving in the Background - its importance is reduced due to what comes after. If the left of the Cross is, for example, the Ship as a travel (03), and its right the Sun (31), the journey is shortened, set aside or forgotten, and the Sun (31) has its shine stronger intensified   - though in this case, burning someone's skin: what describes the Cross, suffering and pain. 

          If the Cross brings back from past a person to the life of the Querent, it is certainly not someone easy to handle - there will be a challenge. And sometimes the Cross identifies a religious person, like a priest or priestess, someone who is deeply involved in religion, any type of religion or deep believing. In fact most of times it is about faith, not religion and can also go as deep as fanaticism. Look the cards around it as always, to have a better view of the situation.

         Talking about challenge, Clubs are the cards that represents challenge in Lenormand. As I always say, I believe that the cards never indicate a problem without also showing a solution (cause without an effect) and likewise when showing challenges, most of the times, they will also bring a possible compensation once the challenge is accomplished.

         The Cross will always bring a test or a trial, usually a difficulty to be faced - for instance a harsh job interview or a difficult and challenging exam in which the Querent will need to work very hard to succeed. Important to note that this could also be a challenging meeting with a person the Querent had confined to the past and it causes confusing emotions that will make one not able to sleep at night, lost on its own confusion.  And it will be one, some or many nights of lost sleep, the distance between the Cross and the Querent gives the answer: near it, will pass soon; far away, further delay until undo pain.

        Opening the Grand Tableau , it  announces a difficult period, and as the last card in its own house, closes a cycle. Opening a line of cards (inside or outside the Grand Tableu) it asks for attention: look around and see where the challenges are. Just above the Querent  announces great stress, worries, a burden - cards around it will help to explain better the situation. Below the Querent shows that despite trouble and challenge, the Querent will be able to overcome the difficulties.

       In Brazil this card is seen as the card of wins and overruns, from the traditional meaning of pain and grief, although I rarely notice the card as a victory. If there are nights of lost sleep and distress, at some point the ideal is to be overcome, and if you can remember that period as a bridge between higher and lower or more conscious... Well, this would be another matter, and we should save it for another time!


sábado, 26 de julho de 2014

Cartas Invertidas

      Entre muitas dúvidas comuns no Universo Petit Lenormand, uma das que mais me aparecem, se referem a significados de cartas invertidas. 
      É comum no Tarot e na Cartomancia tradicional, usarmos significados para cartas invertidas - as vezes completamente diferentes dos significados das cartas em sua posição vertical (em pé). O artigo cuja tradução apresento em seguida, é uma excelente explicação de porquê, no Petit Lenormand, não usamos as cartas invertidas. O autor nos leva a entender porque há esse uso em sistemas como o Etteilla ou o Besigué, super conhecidos e utilizados mundo afora, inclusive aqui no Brasil, assim como nos mostra que a cartomancia com baralhos alemães (que originou o Petit Lenormand) não utiliza significados para cartas invertidas, especialmente porque naqueles sistemas há outras maneiras de dinamizar os significados das cartas - dentre estas maneiras, o método de distância, ou o que originou o método de distância que hoje usamos com o Petit Lenormand. 



Teoria Lenormand: Inversões.


Este post é uma tradução do original de Andy Boroveshengra que você pode encontrar aqui.
Andy Boroveshengra (Andy BC) é um dos mais respeitados professores de Lenormand Tradicional no mundo, e autor do livro "Lenormand Thirty-Six Cards: An Introduction to the petit-Lenormand" que você pode encontrar aqui .







Quando as pessoas falam do "petit-Lenormand" há uma tendência para discutir o assunto como se falássemos de um baralho de cartas ou um conjunto de significados. Na realidade, o Petit-Lenormand é realmente um método de leitura de um conjunto reduzido de cartas de jogar, e não os significados  das cartas ou um baralho et cetera. Como método distinto,  significa que não pode ser classificado como um sub-tipo de piquet, ou Skat, ou o Sibilla.

9 de ouros (Petit-Etteilla)
Inversões são utilizadas em alguns métodos de cartomancia há bastante tempo; no entanto, elas aparecem muitos nos métodos de baralhos reduzidos* (*menor número de cartas). Há muito tempo, para economizar nos custos, os baralhos  começaram a ser reduzidos. Baralhos de 32 cartas, como o usado no Bésigue e adaptado por Etteilla para o petit-Etteilla, eram populares para a leitura da sorte na França, Alemanha, Países Baixos, por causa do jogo. Piquet e Skat têm suas origens no Briscola Italiano (jogado com 40 cartas), que era um antepassado de um protótipo de Sibilla.
Ao contrário do que a maioria pensa sobre as inversões (isto é,"bloqueado", "oposto", "passado" etc), na redução dos baralhos de adivinhação as inversões têm significados diferentes, e muitas vezes não relacionados entre verticais (em pé) e invertidas. Da mesma forma, múltiplos, ou seja, 3 reis ou dois Ases, têm significados distintos para verticais e invertidas múltiplas, de modo que se você tiver quatro Reis e três forem invertidas você só tem um múltiplo de três Reis invertidos.
Por exemplo, a tabela a seguir apresenta significados para duas cartas em dois sistemas que eu uso para o 
9 de ouros:



Para o 7 de Paus:

Os significados das cartas verticais e invertidas podem ser ainda mais modificados pela presença de outras cartas. Por exemplo, Espadas com o 9 de ouros na vertical significa grave perigo, a menos que seja o 8 de Espadas, quando é uma discussão com o potencial de violência.
Em Schafkopf ou Jass, as inversões eram predominantemente menos comuns, mas os significados de uma  carta poderiam ser modificados ou alterados, por vezes completamente, ao estar rodeada por um naipe, ou ter ainda um outro significado por estar rodeado por dois naipes ou na proximidade de outra carta.

7 de bolotas. Schafkopf
.
Por exemplo, no Schafkopf, o 9 de sinos (ouros) representa as finanças em geral, mas se tocada por várias folhas (espadas) o seu significado torna-se o trabalho em geral, e se com corações (copas), torna-se felicidade no lar - no entanto, se estiver perto do 9 de Copas, significa viagem, independente de estar ou não rodeado por um naipe. Todos esses significados se tornam maléficos, ou seja,  desgosto no trabalho (com folhas) ou uma viagem perturbadora (perto do 9 de Copas) se o Rei ou Valete superior* de Copas (*carta equivalente às damas do padrão francês) estão cercados por bolotas, uma vez que estes representam o consulente se é homem ou mulher, respectivamente .
Cada método de cartomancia tem suas próprias regras e dentro delas, muitos meandros. Tentar encaixar o método Bésigue de reversões para Schafkopf seria como tentar misturar francês com alemão e tentar se comunicar na Argentina: a confusão iria prevalecer e a imprecisão seria o resultado.
O método do Petit-Lenormand dá instruções claras sobre a forma como as cartas são lidas, bem como os significados das cartas são modificados dependendo da proximidade ou distância  do consulente ou de cartas-chave (Nuvens, anel). E é isso. Esses são os significados que você deve usar. Se voltarmos no tempo, não nenhuma menção à inversão de cartas dentro do sistema.
E de fato há, por aí, significados de cartas invertidas disponíveis, em alguns países ou nos conteúdos da Lo Scarabeo. Mas, com eles, deixa de ser o Petit-Lenormand. Posso apenas repetir algo que eu já disse uma e outra vez:
Há uma diferença entre a ler o petit-Lenormand e apenas usar um deck "petit-Lenormand".
09Um pouco de informação histórica: as instruções do século 19 pertencem a uma metodologia de sub-tipo do que é visto dentro Jass ou Klaverjas, e até certo ponto Schafkopf, onde inversões são pouco comuns e em geral o método de distância distância predomina. No entanto, há muitas diferenças para que seja visto como "parte de" ou um "sub-tipo" do método - Se por exemplo, a carta Bouquet de Flores toca um determinado naipe, não se modifica o seu significado - portanto o Petit-Lenormand  não segue o Skat ou Bésigue, etc.
Por isso,.o próprio Lenormand é classificado como uma metodologia singular.
Concluindo, é muito difícil que alguém possa incorporar inversões em suas leituras sem subverter as principais características que definem o Petit-Lenormand. Por esta razão, você deve se perguntar: ao adicionar inversões, está deixando de ler o Petit-Lenormand?


domingo, 13 de julho de 2014

Dicas Rápidas de Björn Meuris

Neste artigo, publicado originalmente no Lenormand Guild, dicas sobre a maneira de interpretar algumas cartas de pessoas, no Lenormand. O autor, Björn Meuris é, reconhecidamente, uma autoridade em Lenormand. Björn é Cartomante, pesquisador e professor de Lenormand na Bélgica e no site Cartomancy.net - O blog dele está em holandês, mas com ajuda do tradutor google você pode dar uma boa espiada. 


O Cachorro e o Cavaleiro 

Vamos olhar para as cartas do Cachorro e do Cavaleiro como pessoas.

A Mulher, o Cavalheiro, e as cartas de corte (Reis, Rainhas, e Valetes) todos podem representar pessoas no baralho Lenormand, assim como outras poucas cartas.
É especialmente interessante olhar para onde o Cavaleiro e o Cachorro caem em leituras que falam de questões amorosas. Se um deles estiver perto da carta do Coração, pode ser que essa pessoa aquece o seu coração. Elas também podem dar ênfase às outras cartas, mostrando-lhe se um relacionamento é sério ou apenas uma aventura.
O Cachorro e o Cavaleiro são personagens distintos e afetam o Coração de maneiras diferentes.




Geralmente este é o homem que faz a cabeça de uma mulher; atraente, orgulhoso, bem vestido, corpo atlético que irradia carisma. Pelo lado negativo, ele pode ser arrogante (baseado no cavalo), e convencido.
Ele não tem as qualidades suficientes do Cachorro.




Este é frequentemente o homem que a mulher que tem o Cavaleiro como parceiro deseja. O Cachorro é leal e fiel, como um cão de guarda. Na pior das hipóteses, o cachorro é chato e sem graça, carecendo das qualidades do Cavaleiro.
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Raposa + Carta de Pessoa + Urso



Lembre-se sempre que a leitura de cartas para ter sucesso depende de contexto. O que significa que uma combinação de cartas em uma situação pode ser muito diferente em outra, por exemplo, as mesmas cartas podem significar coisas muito diferentes, dependendo se você está lendo sobre a sua família ou sobre o seu trabalho.
Em leituras de amor, é importante prestar atenção para a seguinte combinação:

Se a Raposa e o Urso estiverem paralelamente ao lado da carta que representa uma pessoa, como mostrado acima, você está lidando com uma pessoa complexa.

Mesmo que o Urso seja uma carta de sorte, que lhe dê apoio e força, ele tem um lado ciumento e invejoso. Quando a Raposa fala sobre o caráter de alguém, ela diz que muitas vezes ela age por egoísmo, e apenas para seu próprio benefício. A Raposa também não está livre de mascarar a verdade.
É impressionante para mim como muitas vezes na prática, esta combinação indica uma pessoa ciumenta que esconde seu ciúme muito bem. Normalmente, este é o tipo de ciúme que surge porque a pessoa é tentada a si mesmo. O Urso o mantém bem protegido.
Como mencionado anteriormente, isto irá caber dentro de um contexto. O que eu digo acima não é uma regra rígida e rápida, mas um indicador que deve ser levado em conta e ser observado. Olhe para as outras cartas para confirmar, ou pergunte para a pessoa que está sentada na sua frente.
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Rainha de Copas versus Rainha de Paus


Quando eu comecei a ler as cartas Lenormand, alguém me deu uma boa dica, na forma de uma história sobre a Serpente e a Cegonha. É divertido, e extremamente preciso.
Note-se que, na Bélgica, a geração mais velha lê quase que exclusivamente com apenas um tipo de baralho Lenormand, o Carta Mundi Belga. É também o deck mais utilizado no meu blog (. Se você usa um baralho diferente, esta dica é a mesma, mas você pode ter que ajustá-la de acordo com o modo que a Cegonha e a Serpente estão se olhando.
Você sabia que as cegonhas comem cobras? Na natureza é assim.
Isso também faz sentido na leitura com o Lenormand.
Se a pergunta é sobre o resultado de uma situação, ou se esta é uma combinação na Mesa Real, Serpente + Cegonhas significa que depois de um momento ruim (mentiras, stress, etc) há uma mudança a caminho. A Cegonha traz sempre uma mudança nesta combinação, de forma positiva. Observe a carta após a Cegonha para confirmar o que esta mudança lhe trará.
A Cegonha supera a Serpente, pelo menos, se ela a tem em sua mira, porque a cobra não ousará olhar para ela. Na natureza, a cegonha observa a serpente no olho. Boas vitórias sobre o mal.


Se a Serpente aparece em uma situação onde a cegonha não está em alerta, a Serpente pode atacar com sua natureza fria e calculista, para que a situação se torne sinistra e negativa.
A cegonha pode muito bem comer cobras, mas a cobra é inteligente o suficiente para se esconder por trás da cegonha. A Rainha de Paus vence a Rainha de Copas só se ela puder se aproximar dela inesperadamente... A Serpente vai sempre atacar em momentos de descuido.
Dentro da metodologia descrita acima, com a Cegonha precedendo a Serpente, as cartas podem querer dizer sobre mudanças sinistras ou alguma reviravolta amarga.


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A lógica simples e o seu uso prático...

...é simplesmente ler as respostas que as cartas dão às perguntas que você faz. Essas respostas estão sujeitas ao contexto que você cria com as perguntas que você faz.
O que é uma boa pergunta?
Como faço as cartas responderem?
São perguntas recorrentes que você terá que lidar como cartomante:
·         'O meu parceiro está me traindo?'
·         'Será que o meu relacionamento vai dar errado novamente?'
·         'Será que vou reprovar no teste porque eu estou nervoso?'
·         'Será que vou perder meu emprego atual?
Todas estas perguntas são preocupações reais. Mas se você perguntar da maneira que está indicado acima e depois tirar as cartas, as chances são grandes de você não compreender a mensagem!
Por quê?
Pela simples razão de que você vai se confundir sobre o que as cartas querem lhe dizer.
As perguntas listadas acima são questões sobre o que tememos ou coisas que não queremos que aconteçam.
A resposta desejada é NÃO! Mas o que as cartas devem mostrar?
Quais cartas irão diferenciar a gravidade ou grau do desastre?
As cartas positivas e de boa sorte confirmam que as coisas estão tudo bem, não é?
Quando as cartas negativas não aparecem... É reconfortante, não é mesmo?
'O meu parceiro está me traindo?'
Nós sempre lemos as cartas combinando-as umas com as outras, mas para ver o problema com questões negativas claramente, vamos apenas olhar para uma carta neste momento:
A nossa resposta é o Caixão.


Um final, não e nunca, são significados fundamentais para a carta do Caixão. O que é que a carta diz para a nossa questão?
Não, ele não está traindo? Ele nunca a traiu? Havia uma traição, mas agora é passado?
Isso não parece certo, é pesado, para a carta negativa que significa terminações, doença, morte, ou melancolia para outros contextos, é a resposta adequada aqui. É ilógico deixar espaços para erros de interpretação.
Uma boa pergunta é a base da sua cartomancia. Contexto e uma boa estrutura são de extrema importância para extrair a informação tão precisa quanto possível das cartas.

Qual é o melhor modo de fazer tais perguntas?

Em primeiro lugar, você reformula!
Não pergunte: 'O meu parceiro está me traindo?' nesta questão, você pergunta para os seus medos, ou o que você não espera que seja confirmado. É muito melhor integrar o seu desejo na questão.
'O meu parceiro é fiel a mim?', 'Será que o meu parceiro permanece fiel?', etc, já que é o que você deseja.

Esta frase lhe dá um contexto muito diferente, porque agora as cartas positivas e de boa sorte podem confirmar suas esperanças e desejos, enquanto as cartas negativas podem expressar os seus medos.


Tradução: Gerson H. Fachiano

sábado, 7 de junho de 2014

Nada melhor do que olhar as cartas e compreender a mensagem!

Já pensou em aprender técnicas especiais de combinações de cartas do
Baralho Cigano / Petit Lenormand?

Uma coisa eu lhe digo, não tem nada melhor do que olhar as cartas e compreender a mensagem que elas lhe trazem. Ou melhor, tem sim! É quando o consulente lhe diz que isso faz TODO o sentido!

Tenho acompanhado postagens nos grupos de Petit Lenormand e Baralho Cigano no facebook e alguns outros fóruns da internet, e percebo que uma grande dificuldade de muitas pessoas está na hora de construir a interpretação a partir das combinações entre as cartas. Me lembro que também já tive muitas dúvidas, e algumas eu realmente solucionei com minha professora, com quem comecei a aprender há 27 anos... mas eu também aprendi muito no passar destes anos todos, tanto nos estudos e pesquisas, quanto na prática... e compartilhar parte desta experiência, mais que um desejo, tem sido uma missão!

Então decidi trazer essa sequência de três conteúdos, para você seguir e, passo a passo, melhorar muito a qualidade das suas leituras. Os conteúdos, que você vai receber por email, trarão dicas, técnicas e
"macetes" pra facilitar a interpretação.

E sabe qual é o melhor? Não importa qual é o estilo de interpretação, qual a "escola" que você segue... elas funcionam!  Porque existem algumas estratégias que realmente facilitam as coisas quando as cartas estão na mesa... E muito!!!

E além dos conteúdos que você vai receber, tem mais!

Eu vou lhe ensinar, em uma aula ao vivo exclusiva, uma técnica sensacional que vai turbinar as suas leituras. 
Esta aula será na segunda quinzena de junho, e a data ainda não foi definida, e será avisada também por email.
Enquanto definimos a melhor data, você vai receber por email os conteúdos que, tenho certeza, já serão capazes de melhorar muito a leitura das cartas.

Se interessou? Então por favor cadastre-se aqui neste link (clique aqui para cadastrar-se) 
para garantir a sua participação. Eu preciso que você se inscreva logo para reservar a sua vaga, pois eu não posso garantir que teremos como acomodar todo mundo. Então aproveite. Clique aqui e inscreva-se >> basta apenas colocar o seu email na página que vai surgir.

Um pedido:

Se você sabe de alguém que iria adorar receber este conteúdo, e participar do encontro ao vivo,
por favor repasse esta informação para esta pessoa!

Um grande abraço e muita Luz!
Até logo!
Karla Souza


sexta-feira, 6 de junho de 2014

Salada Mista Lenormand

        Como sempre digo (e muitos outros também dizem), há muitas maneiras de se trabalhar com as cartas, muitos caminhos. Aquilo que conhecemos como significado de uma carta, para outro leitor pode ser muito diferente. Então o que você tem que fazer é simplesmente escolher um conjunto de significados, ou uma "teoria", e seguir por ela. Mesmo as variações que a experiência acabará trazendo, as nuances e sutilezas vão orbitar aquele significado "central" que você escolheu seguir.
         A pergunta é: como as outras cartas trabalham quando esta carta funciona assim? Precisamos sempre lembrar de trabalhar com consistência - o mesmo estilo de leitura que se aplica a uma carta, deve ser aplicado a todas as outras - desta forma, o conjunto todo funcionará. Cada carta, dentro do sistema, tem uma função. Ela aborda determinados temas, representa certos eventos, emoções, etc... são palavras dentro de uma linguagem. Ok, eu posso falar português e utilizar algumas expressões do inglês, por exemplo. Isso pode fazer todo o sentido, concordo. Por outro lado, se eu chegar lá na Inglaterra, por exemplo, e disser "could you please give me a PÃO?" (você poderia me dar um ___ por favor?) Será que aquele inglês vai me compreender?
        Neste ponto, a primeira coisa que pode lhe passar pela cabeça é "e como escolher uma teoria?"
        Bem, dentro dos estilos considerados tradicionais, ou seja, aqueles que estão definidos como um conjunto de significados, ou como uma teoria, e são utilizados daquela mesma maneira há muito tempo, também há uma série de variações - é onde surgem os estilos ou "escolas". E há muitos. O brasileiro, os europeus, o russo... e por aí vai. Há também quem prefira simplestemente estudar simbologia e trabalhar com o Petit Lenormand/Baralho Cigano como Oráculo, abordando a linguagem simbólica e não emblemática, assim como também há quem prefira ser completamente "intuitivo", ou seja, deixar que suas idéias e imaginação guiem a interpretação. Particularmente, prefiro aconselhar que você escolha um estilo tradicional e trabalhe com ele. Na pior das hipóteses, você terá disponível algum material de pesquisa, e gente com quem possa conversar e tirar suas dúvidas, e isso pode realmente ser fundamental quando se está começando, e decisivo diante de dúvidas que até mesmo um "veterano" acaba encontrando ao longo do tempo. Você também vai lembrar que sempre digo que os estilos ou escolas têm entre si mais semelhanças que diferenças, e é verdade. Mas essas pequenas diferenças também podem causar grande confusão, se você for um iniciante.
        No método de distância, por exemplo, a carta 18 - O Cachorro, pode representar confiança, lealdade e amizade, assim como pode representar um amigo ou conhecido que não é leal e confiável, no entanto está inofensivo, até mesmo uma traição (a posição da carta em relação ao consulente determina o significado). E isso, em alguns estilos, é impensável, já que a carta 18 - O Cachorro representa sempre confiança, lealdade e amizade. Da mesma forma, a carta 15 - O Urso, pode variar em significado entre os estilos, de um homem invejoso e desleal, a uma mãe superprotetora.
        Trabalhar com consistência, ou seja, manter um "padrão", seguir uma mesma teoria relativa às 36 cartas pode ser a diferença entre uma leitura precisa e uma leitura completamente "sem noção", exatamente por conta destas pequenas diferenças que existem entre um e outro estilo.
        Ao navegar em qualquer um dos grupos de facebook ou fóruns de internet a respeito do Petit Lenormand/Baralho Cigano fica clara a quantidade de diferentes interpretações que podem existir para um mesmo conjunto de cartas, e o quanto isso pode ser confuso pra quem está iniciando sua Jornada Lenormand.
        É claro que nem sempre o seu professor sabe exatamente de onde vem a teoria com quem ele trabalha e, partindo do princípio que somos cartomantes, e não historiadores, isso é perfeitamente aceitável. E então o que você deve fazer é muito simples: Reze a cartilha conforme ele(a) o ensinar, e mantenha-se firme neste caminho até que a sua própria experiência lhe permita "voar" sobre outros terrenos. Porque claro, depois de praticar, vivenciar e experimentar muito, avançar em seus estudos também vai significar conhecer outros estilos, métodos e professores. É assim em qualquer área na sua vida, não é mesmo?
       O sistema Petit Lenormand é uma linguagem. Quando você altera uma palavra, ela pode não só alterar todo o conjunto, como deixar de fazer sentido. Palavras mágicas pra se trabalhar com precisão: Consistência, contexto, coerência. Tudo, em Petit Lenormand, funciona a partir destas três palavrinhas ;)


E você, qual estilo ou 'escola" segue?


segunda-feira, 19 de maio de 2014

Cartomancia x espiritualidade x charlatanismo

        Ao pensar ainda sobre o início de um blog a respeito de cartomancia - em especial o Petit Lenormand, há algo que não me sai da cabeça: a conexão entre cartomancia e espiritualidade, principalmente onde vivemos, no Brasil.
        Você já percebeu como esses dois temas, por aqui, parecem estar sempre interligados? Tanto, que o Petit Lenormand acabou "virando" o "Baralho Cigano", e a maioria das pessoas com quem converso, e pouco conhecem sobre o tema, acreditam que para ler a sorte com o Petit Lenormand é necessário passar por algum tipo de iniciação "espiritual", fazer parte de um culto (geralmente afro-brasileiro), e "trabalhar" com uma Cigana espiritual.
         Estes conceitos estão tão intimamente ligados à cartomancia brasileira, que é bem comum, ao sentar diante de mim, o consulente me pergunte quem é a "minha" Cigana. Por algum tempo esta pergunta me incomodava muito, confesso. Não que eu não reconheça a presença da Egrégora Cigana, ou que menospreze de qualquer maneira os guias espirituais e seu trabalho. Pelo contrário, como espiritualista universalista, aceito, admiro, aprecio muitas práticas religiosas, de todo tipo. O que realmente incomoda é a maneira como isso é contextualizado, e a maneira como o termo "cartomante" acaba sendo diminuído, até tornar-se pejorativo, em função de práticas pouco éticas ou louváveis de alguns, sob a bandeira do "espiritualismo".
         É preciso separar os grãos. Em princípio, o Petit Lenormand, que nasceu dentro de uma cultura predominantemente católica, e em um período da história em que era comum a existência de sociedades secretas de estudiosos e praticantes de Magia, não tem nenhum vínculo com nenhum culto ou filosofia religiosa, de nenhum tipo. Não está ligado ao ocultismo, esoterismo, nem tampouco aos cultos afro-brasileiros.
Você pode decidir ser um cartomante - e educar-se para ser um dos bons, sem que nem ao menos acredite em Deus, na Divindade, seja ela de qualquer tipo, ou na presença de espíritos. E as cartas vão mostrar a sorte dos seus consulentes com a mesma eficiência.

        Perceba que todas as correntes filosóficas espiritualistas, dos mais diferentes pontos do planeta, de diferentes períodos de tempo e em linguagens muitas vezes também distintas, trazem em suas doutrinas ou escrituras o princípio da evolução espiritual associado a algum tipo de estudo e, principalmente, baseados em princípios éticos extremamente definidos. Essas mesmas diferentes correntes, explicam também que, em princípio, atraímos a quem nos afinizamos, ou seja, nos aproximamos e nos ligamos a seres com traços similares aos nossos em padrões vibratórios - e padrões vibratórios podem ser definidos como ondas energéticas geradas por emoções que foram geradas por pensamentos. Desta forma, podemos entender que os guias, mentores, divindades, espíritos de Luz, anjos ou seja qual for o nome que você dê aos seres que auxiliariam no processo de leitura das cartas, vibram em alguma frequência com que precisamos nos afinizar. E se o que nos afiniza com uma ou outra pessoa (encarnada) ou ser (espiritual) é nosso padrão vibratório, este é definido por nossa conduta, ou seja, nosso padrão de comportamento. E a partir desta linha de raciocínio, surge a reflexão: Com o que estamos nos afinizando, em que tipo de frequencia energética temos nos sintonizado?
        Se por um lado, alguém lhe diz que seus guias e mentores (espirituais) o ajudarão no processo de aprendizgem e leitura das cartas, por outro lado, com que tipo de energia você vem se alinhando? Quando falamos em padrões de comportamento que definem frequências, podemos compreender que sentimentos / emoções menores, como ciúmes, possessividade, inveja, mesquinharia, ira, raiva, medo, insegurança e tantos outros, irão nos sintonizar em uma frequencia por onde vibram energias do mesmo padrão. Da música com letra grosseira, ao copo de cerveja "a mais" na festinha do final de semana, do palavrão que foi solto no trânsito caótico à crise de ciúmes que o "amor" causa, tudo é energia em movimento, e tudo nos sintoniza em alguma frequencia.              Nos aprontarmos para "canalizar" mensagens de espíritos de Luz, requer, supõe-se, uma afinização energética com a frequencia destes seres... no mínimo!
E ainda por outro ponto de vista, podemos refletir a respeito do conhecimento necessário pra interpretar corretamente as mensagens trazidas do extrafísico: mesmo que em uma semana estressante e caótica, como muitos passamos, consigamos o devido equilíbrio e nos mantenhamos em total sintonia com a Luz, como se dá a "recepção" das mensagens canalizadas pelos guias? Neste ponto eu me lembro de outro conceito muito interessante, que diz que apenas vemos/ouvimos/sentimos o que conhecemos: não compreendemos o novo se não houverem referências mínimas em nosso arquivo mental, e partindo daí, se o cartomante confia apenas no conhecimento de seus guias e mentores no momento de leitura das cartas, e assumindo que este esteja em total sintonia com a Luz de quem só quer auxiliar e orientar o consulente, que tipo de referências criamos para o devido cumprimento desta tarefa?
         Compreender que o seu universo religioso é completamente diferente do meu, e que o consulente talvez viva em um terceiro universo, é fundamental na hora de esclarecermos que uma coisa não deve se confundir com a outra: cartomancia não é religião, não está conectada a nenhuma religião, nem depende de nenhuma doutrina religiosa pra que seja praticada.
          E quando finalmente separamos uma coisa da outra - isso não quer dizer que você não possa seguir trabalhando com o seu guia - pelo contrário, espero que você estude ainda mais, pra que ele/ela tenha ainda mais recursos na hora de lhe transmitir o recado... mas é somente quando separamos uma coisa da outra, que podemos nos apresentar como Profissionais. Profissionais de valor, que merecem respeito e reconhecimento, e que não só precisam dar duro como todo mundo, como pagam contas como todo mundo.
          Pensar em tudo isso me inspira, e ao mesmo tempo preocupa: você já parou pra pensar em por quê a imagem do cartomante é ainda tão diminuída, menosprezada e até marginalizada, aqui no Brasil? Todo mundo sabe contar uma história de algum cartomante "salafrário"... e assumir a intenção de viver de cartomancia, em algumas famílias, é quase sinônimo de tragédia!
É claro que sempre existirão os charlatães. Mas não é porque existem por aí médicos que praticam a medicina ilegal, que você deixa de ir ao médico, ou deixa de respeitar os médicos que conhece.
         
           Como profissional, você pode acreditar no que quiser... Mas deve oferecer, antes de tudo, excelência ao seu consulente. Dê o seu melhor! Juntos, podemos mudar esse cenário!


segunda-feira, 5 de maio de 2014

O início

                "A Sibila está acima da razão do entendimento comum. Aqui proponho essa objeção não só para cartomantes, mas a todas as pessoas de bem que têm a esperança de conhecer o futuro: das duas uma, ou a série de eventos futuros está irrevogavelmente fixada pelo destino, ou podemos alterar a ordem e natureza dos fatos, de acordo com nossos atos. No primeiro caso, o destino é uma verdadeira fatalidade contra a qual falham a prudência e o gênio dos homens; no segundo caso, o destino só é condicional, porque nossa conduta pode modificá-lo ou transformá-lo completamente."  
                   M. A. Le Normand



               Não sabia por onde começar, então fui logo para o início. Não o meu, mas aqueles que volta e meia ouço pessoas contando. Por que caminhos você chegou até essas cartas? E agora? A incrível perfeição do Universo sempre nos leva até onde precisamos ir, na hora certa, do jeito certo! E algumas vezes é ainda mais incrível, pois ao pisar naquele terreno que parecia tão certo, tão seguro, o desafio se apresenta. E em alguns casos você precisa ´simplesmente` desconstruir para construir de outro jeito. E é assim mesmo.
               O meu "início" com as cartas foi como de muitas outras pessoas, um caminho de dúvidas, pontos de interrogação, surpresas... e por incrível que pareça, 27 anos depois, continua exatamente assim. Ok, tenho menos pontos de interrogação, talvez, mas muitos, muitos pontos de exclamação. Continuo me surpreendendo todos os dias com a precisão das cartas, e com tudo que elas podem revelar, da maneira mais simples, como uma criança contando um acontecimento. Não há um juiz pronto pra inocentar ou condenar, não há um apito avisando que o seu limite de palavras é este. As cartas simplesmente revelam. E estar diante delas, ler as revelações, é um exercício de humildade, antes de tudo, pois é preciso humildade pra manter a imparcialidade diante de todo tipo de situações que se revelam na Mesa, diante de todo tipo de pessoas que se sentam à sua frente.
             A minha professora me falava muito isso, que era preciso estar despida de preconceitos, julgamentos, convenções, pudores e crenças quando diante de alguém, para ler sua sorte. Ela sempre me dizia: "você pode estar lendo sobre algo que vai mudar a vida da pessoa que está diante de você. Não a faça perder tempo com sua surpresa, indignação ou preconceito. Permita que aquela pessoa mergulhe em seu próprio destino com a mesma segurança que ela escolheu confiar a você seus maiores segredos".
            Hoje, ao pensar em um ponto de partida a alguém que quer trabalhar com as cartas, seja pra si mesmo ou para outras pessoas, a primeira coisa que me passa à cabeça é: Você vai iniciar uma grande viagem, uma jornada incrível, e da sua janela poderá contemplar tantas paisagens diferentes, das mais lindas às mais horrendas... prepare-se para manter-se confortável na sua cadeira, e permitir que a paisagem passe pela janela, sem que você interfira.
            Sim! pois você vai sentir vontade de interferir, algumas vezes. Vai querer consertar o que não pode, não deve ou não quer ser consertado. Você vai querer celebrar as descobertas felizes, e gritar ao mundo o amor que as cartas revelaram... vai querer rir das ´bobagens` que escuta, vai sentir vontade de chorar com algumas histórias... e o melhor que tem a fazer, é Ler. Ler as mensagens escritas nas suas cartas e traduzi-las aos seus clientes. Só isso. E é muito, muito...  acredite! Algumas vezes você não vai entender. Mesmo depois de anos... você não vai entender. Apenas reconheça. Muitas vezes você se surpreenderá, e será lindo!
            Preparar-se para embarcar nesta jornada é um exercício diário - tem que ser. Só a prática pode levá-lo ao fim da estrada. Só a prática garante a fluência, e é esta fluência, na linguagem que você escolheu, que vai ajudar a clarear as estradas de tantas outras pessoas.
            Ser cartomante é isso: você lê. Você segura a lâmpada que ilumina - você não é lâmpada, apenas a segura para alguém. Está acima do entendimento, do julgamento, dos conceitos e crenças que você leva na sua própria vida. Você é apenas o locutor da mensagem do seu consulente para ele mesmo - e algumas vezes, ele não vai gostar, não vai gostar nada de ouvir a mensagem. Em outras o brilho nos olhos dele vai iluminar todo o ambiente, e você terminará a consulta com uma alegria quase inexplicável. É assim mesmo.
         
            O início é simplesmente o pequeno vislumbre das grandes mudanças de todas as paisagens que verá, da sua janela, trarão para sua vida.

           E a palavra que define um bom cartomante? Comprometimento. Comprometa-se, antes de tudo, com você mesmo, com a sua jornada. Um passo de cada vez. Uma palavra por vez. E depois uma frase. E da frase uma sentença, da sentença uma história. Converse com as cartas: você só poderá ouvi-las se começar. E depois de ouvi-las, só poderá compreendê-las se praticar. E aqui, neste momento, estamos falando da sua Jornada Lenormand. Vamos juntos, falando "Lenormandês"!  Seja muito bem vindo! Vamos trocar, compartilhar, ensinar e aprender...  vamos praticar, conversar... e finalmente, vamos nos descobrir fluentes, falando Lenormandês, a linguagem do Destino!

Maccaari Fortune Teller 1890s